12 de mai. de 2009

Cine Tela Brasil

Sabe que, acordando quase que de madrugada, em pleno sábado, me preparando para trabalhar no apóio ao CinePort, liguei a TV, na Globo, vi o Serginho Groisman no seu programa Ação, apresentando uma galera que fazia cinema.

Pelo tema, quando ouvi, já despeitei. Aumentei o volume do som da TV e, enquanto tomava café, percebi que, além do Festival do Cinema de Língua Portuguesa que acontecia aqui, do Festival de Cinema de Pernambuco, e de tantos outros eventos que por ventura ocorriam naquela semana, milhares de organizações, grupos, pessoas, escolas, alunos, também trabalhavam o cinema a todo instante.

Dai me dei conta do mundo no qual estava inserido naquele momento. Afinal, tudo é cinema, inclusive a palavra que mais se repetiu neste texto minúsculo.

A galera a que me referia era a do Cine Tela Brasil. Segundo o histórico do grupo, disponível na página da internet do Cine Tela (www.cinetelabrasil.com.br), começou com um projetor de 16mm e uma tela montável. Laís Bondansky e Luiz Bolognesi (Chega de Saudade, Bicho de Sete Cabeças...) organizavam sessões de cinema nas praças e escolas públicas de São Paulo. Depois viajavam pelo Brasil, projetando esses filmes de curta-metragem para os que dificilmente teriam chances de ir ao cinema. Com os registros, realizam o doc Cine Mambembe - O Cinema Descobre o Brasil.

Em 2004, com a ajuda das leis de incentivo a cultura, o projeto deixa de ser Mambembe e passa a se chamar Tele Cine e adquire uma sala intinerante com mais de duzentas cadeiras, ar condicionado, som surround e um projetor de 35mm. Hoje já são duas as salas. Por onde passa, a caravana do Cine Tela organiza oficinas de cinema. Durante o curso, a turma de alunos aprende a elaborar um roteiro pra cinema, depois executam esse roteiro e o filme é projetado, transformando-se numa deliciosa sessão, onde o público são os próprios alunos e os amigos, pessoas da comunidade onde eles vivem. Ao final, discutem como viabilizar o projeto.

Como o Cine Tela, devem existir dezenas, centenas de pessoas que fazem o mesmo. Durante a oficina de Cineclubismo, no 4º CinePort, talvez este tema tenha sido discutido. Tive a oportunidade de conhecer duas pessoas do Cine Bairro que fazem algo parecido. Levam o cinema para comunidades em cidades onde contam com, pelo menos, o apoio das prefeituras. Eles contam que, em algumas situações, apenas alimentação e lugar para dormir são oferecidos. A estrutura para montar as oficinas é disponibilizada em escolas.

Com tudo, o cinema ainda parece ser uma realidade distante para a maioria das pessoas. Democratizar a comunicação também passa por Democratizar o "fazer cinema": Projetar nas telas as nossas condições, história, gente, cultura e poder de criação.

Acesse o site do Cine Tela Brasil e indique outros. Nunca é demais saber onde se encontrar.

Um comentário:

Flávio disse...

Ótimo texto. Precisamos de iniciativas como esta pra difundir e democratizar o cinema como você dissse. O nosso cinema.

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