Certa vez, lideranças do
Movimento Estudantil, lá por volta de 2005, receberam cartas de ‘intimidação’
dos órgãos de justiça, “orientando” que, resguardados pela Constituição
Federal, no direito de reunir e reivindicar em espaço público, os manifestantes
realizassem os seus atos de protesto de forma que também o direito
constitucional de ‘ir e vir’ das demais pessoas fosse respeitado.
Uma forma clara de identificar
que essa recomendação tinha orientação política (político-governista, nesse
caso), estava impressa no uso do aparelho repressor do Estado contra os
manifestantes.


Recorrendo ao que recomendava o
judiciário aos estudantes, igualmente essa mobilização dos taxistas infringia o direito de
ir e vir das pessoas. Daí pensamos: então o órgão repressor do Estado, a
Polícia Militar, está toda empenhada para liberar o transito. Certo? Bem! Vamos
por partes.
Toda forma de protesto é válida.
Exigir melhores condições de trabalho, uma estruturalização da política de
praças de taxi, abrigo para taxistas nos seus respectivos pontos, etc., tudo
isso é plausível e nós, sociedade civil organizada, e os inclusos em algum
grupo político ou movimento social, devemos apoiar e incorporar. Melhorar a
qualidade dos serviços de táxi melhora, de alguma forma, nossa qualidade de
vida também. Mas, a principal bandeira
dessa categoria não beneficiava a ela (e nem a nós). Eles pediam uma maior
fiscalização e combate ao transporte alternativo ‘clandestino’.
Então, de onde eu tirei que isso não beneficia a eles (taxistas)?

Coincidentemente, os taxistas têm
(ou tinham, na minha época) assento no conselho tarifário da cidade e sempre
vota(ra)m a favor do aumento. Inconscientemente, ou não, votar a favor do
aumento das passagens de ônibus não leva o cidadão a preferir o taxi, como eles
podem argumentar. E mais inconscientemente ainda, acabar com o transporte clandestino
não beneficia os taxistas, porque o cidadão que paga R$ 2,20 por uma passagem
não terá condições de pegar um taxi ao retornar para casa no fim do expediente
(ou ir ao trabalho no inicio).
E, finalizando, também coincidentemente,
na manifestação de hoje, até onde minha visão alcançou, não se via um PM
negociando (ou imprimindo força) a desobstrução do transito.